Grande parte das tradições da freguesia são reveladas e revividas por altura das festas e romarias que aqui se realizam. São, na maioria, festas de carácter religioso, que se cumprem nos dias de comemoração da igreja, seguidas de procissão, e em alguns casos há associada a festa não religiosa, que inclui bailes e eventos associados à data em que se realizam.

O calendário festivo da freguesia tem início no dia 2 de Fevereiro, no lugar de Fornelo, com a celebração de Santa Luzia. Segue-se o Corpo de Deus, em Arcozelo das Maias, após a Páscoa. No mês de Junho são duas as comemorações: Santo António, em Quintela, no dia 13; e São Pedro, em Arcozelo das Maias, no dia 29. A 15 de Agosto é a vez de se festejar a Senhora do Pilar, em Porcelhe. Já a terminar o ano, têm lugar em Arcozelo das Maias mais duas festas: Santa Bárbara, a 4 de Dezembro, e Senhora da Conceição, no dia 8 do mesmo mês.

Para além das referidas festividades, a população de Arcozelo das Maias conta ainda com a realização da feira quinzenal na sede do concelho, onde se reúnem pessoas de todas as freguesias.

Também já teve feira de gado, mas devido às políticas de higiene e de controlo animal, deixou de se fazer, sendo este comércio agora realizado pelos pequenos comerciantes de gado. Quando aqui se faz referência a estas feiras, abrange-se o comércio de gado bovino, ovino, caprino e suíno.

Na freguesia existiu a Feira dos 12, que se realizava no largo da feira, local ainda existente no centro da freguesia, onde se comercializavam todos os produtos agrícolas, bem como também servia como feira de gado. Esta feira foi tendo pouco movimento até que acabou.

 

Danças e cantares

Do rol de tradições da freguesia de Arcozelo das Maias é ainda importante referir as danças e cantares tradicionais. Tinham uma função de extrema importância, pois constituíam uma das principais (talvez mesmo a principal) formas de distracção. Aos Domingos e dias santos, era ver a população reunida nos largos e terreiros, cantando e dançando. Bastava que um começasse a tocar para que rapidamente se aproximassem os vizinhos e se desse início a uma alegre festa. No Natal, era habitual cantar as Loas ao Menino Jesus, depois da Missa do Galo, à volta da grande fogueira acesa em frente do adro da igreja.

Mas nem só aos dias de descanso se entoavam os cantares, pois também as lides do campo eram acompanhadas por cantigas, como forma de amenizar os árduos trabalhos a desempenhar. Nas vindimas, nas espadelas, nas estopadas ou nas desfolhadas, as melodias tinham presença assegurada e prolongavam-se pelas noites fora.

Como forma de relembrar e sobretudo perpetuar esta componente etnográfica de Arcozelo das Maias, apresenta-se a seguir a letra de algumas músicas que já alegraram muitas gerações de habitantes desta freguesia.

 

Marcha Triunfal

Arcozelo, aldeia querida
Por ti a vida, nós a daremos
Cantinho de Portugal, não tem rival
Tanto te queremos...
É já velha a tradição
De coração,
Estar a teu lado.
Esta nossa devoção, é clarão
Já do passado...!

Refrão:
Nós de Arcozelo das Maias
Cá vamos neste cortejo
Como bonita catraia
A fazer lembrar um beijo...

Somos o sol doirado
Que foge ao som das Trindades
Do Concelho abençoado
Desta Oliveira de Frades

(Música e letra de Sancêbas, Espinho, 5/10/1963)

 

Ó Mulheres da Massadela

Ó mulheres da massadela
Massai o meu linho bem (bis)
Não olheis para a Portela
Que a merenda logo vem (bis)

Ao almoço me dão pêras
Ao jantar pêras me dão (bis)
À merenda pão e pêras
À ceia pêras e pão (bis)

Ó mulheres da massadela
Acudi ao massadelo (bis)
Que se perdem dois navios
De pentes para o cabelo (bis)

 

Deita a Rede ao Mar

Deita  a rede ao mar
Deita-a mais além

Deita a rede ao mar
Que o peixe lá vem

Que o peixe lá vem
E deixai-o vir

Menina da rede
Não o deixe fugir

Deita a rede ao mar
Deita-a com geitinho

Deita a rede ao mar
Lá vem o peixinho

 

A Senhora da Saúde

A Senhora da Saúde
Onde a foram levar

Ao mais alto de Gestoso
Viradinha para o mar

A Senhora da Saúde
Seu caminho pedras tem

Se não fossem os milagres
Já lá não ia ninguém

A Senhora da Saúde
Dai saúde à minha gente

Que lá me ficou em casa
Uma sã, outra doente

A Senhora da Saúde
Tem um Filho serrador

Para serrar a madeira
Para o altar do Senhor

 

Canção do Moinho

Moinho que estás cantando
A tua alegre canção
Contente porque vais dando
Farinha p' ró nosso pão

Refrão:
Gira o rodízio sem descansar
Em volta a espuma cor do luar
A água salta sempre a correr
A mó de pedra sempre a moer

Abençoado e fecundo
Bem haja o teu trabalhar
Que dás alimento ao mundo
Que dás alegria ao lar

 

Canção da Desfolhada
(cantava-se e dançava-se quando se ia para a Senhora da Saúde)

No tempo da desfolhada
Rapazes e raparigas
Anda o rancho pelo campo
Desfolhando as loiras espigas

Refrão:
Quem tem milho rei
Quem tem, quem será?
Canta a maçaroca
Que graça lhe dá (bis)

No tempo da desfolhada
Quem lá irá eu não sei
Rapazes e raparigas
Procurando o milho rei

Rapazes e raparigas
É tempo da desfolhada
Cantai as vossas cantigas
Tenham a voz afinada

O milho rei já espreita
Debaixo do grande monte
Convidai a vossa amada
Ao passarem pela fonte

Ela:
Eu sou rapariga alegre
Não uso fantasiado
E agora estou mais contente
Já arranjei um namorado

Refrão:
Ora viva o vinho, viva a festança
Haja alegria e muita dança

 

Hino de Lafões

I
São cheias de serras, todas estas terras
Por onde nascemos
Ainda assim vivemos com o que cá temos
Melhor que ninguém
Das terras que eu vi, como as daqui
Oh, não há nenhuma
Encerram em suma, belezas mais que uma
Que as outras não têm

Refrão:
Lafões é um jardim e não há no mundo um lugar assim! (bis)

II
Tem flores nos montes, regatos e fontes
D' águas cristalinas
Formosas meninas e outras coisas finas

Tudo do melhor
Tem um belo rio onde pelo estio
Vão ninfas nadar...
E a brisa e o luar sabem murmurar
Cantigas de amor

III
Tem a Boavista que é um paraíso
Um céu verdadeiro
Tem o meu Outeiro, talvez o primeiro
Em amenidade
Tem o São Cristóvão que fica defronte
Ali do Olheirão...
Não é mangação, parece a mansão
De uma divindade

IV
Que largo horizonte te engrinalda a fronte
Vila de Oliveira
És como a palmeira olhando altaneira
Por esse amplo azul
Mais além Vouzela se esconde no Zela
Púdica, modesta
E em traje de festa vai tomando a festa
São Pedro do Sul

(Quinta do Cabeço, Devesa - O. de Frades, 1882, dr. Celestino Henrique Correia Severino)

 

Cortejo de Oferendas ao Hospital da Nossa Senhora dos Milagres
(Em Oliveira de Frades a 10-11-1957)

Ó Arcozelo das Maias
Centro de encanto e beleza (bis)
És pelo Vouga banhada
Linda terra portuguesa

É do Ladário, rainha - ai
A terra onde nascemos,
E, embora pobrezinha - ai
Tem tudo quanto queremos

Tem ar, tem vinho, tem pão - ai
A luz dum Sol criador
Tem o nosso coração - ai
Por ela cheio de amor

Ó Arcozelo das Maias
Centro de encanto e beleza (bis)
És pelo Vouga banhada
Linda terra portuguesa

É tão linda a nossa aldeia - ai
Como as estrelas dos Céus
Que parece a lua cheia - ai
Caída das mãos de Deus

Tem tal brilho e beleza - ai
Que no céu azul profundo
Não se encontra a certeza - ai
Outra igual em todo o Mundo.

 

Janeiras em Arcozelo das Maias
A 06-01-1958

I
Noite de magia. O céu
Rasga-se em fachos de luz.
Surgem os anjos cantando:
Hossanas! Nasceu Jesus!

II
Vê-se no céu uma estrela,
Do mais intenso fulgor,
Anunciando ao Mundo
Que nascera o Redentor!

Coro:
E os Reis Magos lá vão
De longada até Belém,
Adorar o Deus - Menino
Nos braços da Virgem - Mãe.

Também nos aqui viemos,
Numa longa caminhada,
P' ra vos ofer'cer cantigas
Em troca da consoada.

III
Boas Festas, Boas Festas
E nós vamos retirar
Pedindo a Deus que vos dê
Muito mais que possam dar.

IV
E, num adeus, vos deixamos
Pois temos muito que andar
Fiquem na Graça de Deus
Fique a Paz no vosso Lar.

 

Senhora Santa Combinha
Representação de Arcozelo das Maias, nas festas do Espírito Santo, em Cambra, no dia de Pentecostes de 2003 (Maio), evento no qual se juntam vários grupos de cantares, de forma a recordar os tempos antigos em que se fazia as caminhadas a pé até Cambra (Vouzela). No final, a título de recordação, todos os grupos que participam trazem uma taça, como agradecimento pela participação no evento.

Aqui cheguei eu agora,
Senhora Santa Combinha
Aqui cheguei eu agora (x4)

Mais cedo não pude vir,
Lá tive minha demora (x4)

Pequenina tão airosa
Senhora Santa Combinha
Pequenina tão airosa (x4)

Vem cá gente de tão longe,
Só prá ver tão linda rosa(x4)

São do lugar de Arcozelo,
desta linda região (x4)

A vossa capela cheira,
Senhora Santa Combinha,
A vossa capela cheira (x4)

Cheira a cravo, cheira a rosa,
E a flor de laranjeira (x4)

De lá venho eu agora
Senhora Santa Combinha,
De lá venho eu agora (x4)

Em manguinhas de camisa,
tocando numa viola, (x4)

Adeus que vou embora,
Senhora Santa Combinha,
Adeus que vou embora, (x4)

Já se vai fazendo tarde,
Para quem tão longe mora. (x4)